A dor na região cervical, a qual pode irradiar para os braços, podendo chegar até as mãos (dor irradiada) é muito frequente na população, sendo muitas vezes erroneamente diagnosticada como LER/DORT, tendinite, bursite, pinçamento subacromial (síndrome do impacto), túnel do carpo, síndrome do desfiladeiro torácico, etc. Esse conjunto de sintomas (conhecido como síndrome da dor cervico-braquial ou cervicobraquialgia neurogênica) merece atenção especial, pois comumente o profissional avalia apenas a parte muscular e articular, e se esquece da parte neural.
Para se evitar erros de diagnóstico, é essencial correlacionar todos os dados da avaliação (por meio de testes musculares, articulares e neurais) e aplicar o diagnóstico diferencial. Por exemplo, a síndrome do desfiladeiro torácico ocorre devido a uma compressão do feixe vascular (artérias e veias) e do feixe nervoso por conta de alterações posturais ou anatômicas, as quais alteram o triângulo formado pela primeira costela, clavícula e músculos escaleno e peitoral. Essa condição causa uma dor intermitente que está relacionada aos movimentos, principalmente aqueles realizados com os braços elevados. O padrão de dor é bem semelhante ao da síndrome cervicobraqual neurogênica.
Entretanto, o detalhe é que a síndrome do desfiladeiro torácico geralmente causa edema (inchaço) e alteração de cor dos membros superiores (braços), o que não ocorre em casos de dor cervicobraquial neurogênica, onde uma compressão ou sensibilização (inflamação) do tecido neural de origem na cervical pode acometer os nervos mediano, nervo radial e nervo ulnar.
O tratamento dura em média 2-3 meses, com resultados comprovados cientificamente. Um estudo realizado em 2002 que aplicou técnicas de terapia manipulativa, como a mobilização neural e exercícios específicos para casa, comprovou a eficácia do tratamento num período de 8 semanas, com melhora de dor e função. Outro estudo de 2003 observou que se a causa do problema é na região cervical, o tratamento realizado pela terapia manipulativa é preferido em relação à aplicação do ultra-som terapêutico.
Bibliografia:
G. T. Allison, B. M. Nagy, T. Hall. A randomized clinical trial of manual therapy for cervico-brachial pain syndrome – a pilot study. Manual Therapy (2002) 7(2), 95–10
Michel W. Coppieters, Karel H. Stappaerts, Leo L. Wouters, Koen Janssens. The Immediate Effects of a Cervical Lateral Glide Treatment Technique in Patients With Neurogenic Cervicobrachial Pain. J Orthop Sports Phys Ther 2003;33:369–378.
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?487