quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Subgrupos - Estudo preliminar na derivação de regras de predição clínica (RPCS) utilizando exercícios baseados no método Pilates

Embora os exercícios baseados no método Pilates tenham alcançado popularidade para o manejo conservativo (tratamento não cirúrgico) das lombalgias, a evidência científica para tal afirmação ainda é esparsa e inconclusiva. Lim e colaboradores realizaram uma revisão de meta análise em 2011 e concluíram que a baixa qualidade e a heterogeneidade dos estudos de Pilates revisados sugerem que os resultados sejam interpretados com cautela. Por outro lado, outros estudos que examinaram subgrupos homogêneos de pacientes com programas de exercícios específicos são promissores.
Regras de predição clínica consistem na combinação de variáveis de questionários científicos (como por exemplo os questionários Oswestry, FABQ, etc., que são preenchidos pelos próprios pacientes) bem como de dados coletados durante o exame histórico e clínico. Elas tem por objetivo classificar os pacientes em subgrupos para que estes recebam um tratamento específico. Recentemente, as RPCs têm se mostrado úteis na classificação de pacientes com lombalgia. O intuito é selecionar quais indivíduos são mais prováveis de se beneficiar com uma abordagem de tratamento específica. Por exemplo, um grupo pode ser submetido à manipulação, enquanto outro à estabilização lombar.
Uma vantagem das RPCs é que elas usam propriedades de diagnóstico de sensibilidade, especificidade e taxas de probabilidade, permitindo que suas variáveis sejam interpretadas e aplicadas aos pacientes. Contudo, devem ser analisadas posteriormente por meio de rigorosos padrões metodológicos no que concerne seu desenvolvimento e validação. Uma vez derivadas, validadas e demonstradas como capazes de impactar o comportamento clínico de forma positiva, estas podem ser úteis na seleção do tratamento mais efetivo. Um estudo preliminar prospectivo do tipo coorte foi realizado com 96 pacientes classificados com lombalgia crônica e publicado na JOSPT (Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy) em maio de 2012. Os pesquisadores observaram 5 preditores que podem serem usados com aqueles pacientes que provavelmente se beneficiarão com um tratamento por meio de exercícios baseados no método Pilates. Os preditores foram: 1) flexão total do tronco de 70° ou menos; 2) duração dos sintomas de 6 meses ou menos; 3) nenhum sintoma nos membros inferiores (dor que distaliza) nas semanas anteriores; 4) IMC (índice de massa corpórea) igual ou maior que 25 kg/m2 (o que indica sobrepeso) e 5) média de ADM de quadril (direito ou esquerdo) igual ou maior que 25°.
Caso 3 ou mais dos atributos mencionados acima estejam presentes (o que ocorreu em 42% dos sujeitos do estudo), a taxa de probabilidade positiva é de 10.64. Esse número indica um provável índice de sucesso do tratamento com exercícios baseados no método Pilates. Portanto, esses 5 fatores devem ser observados durante a avaliação clínica individual e considerados durante a prescrição de exercícios terapêuticos baseados no método Pilates para o tratamento de lombalgia crônica.Contudo, vale ressaltar que estes são resultados preliminaries e ainda devem ser validados por estudos randomizados controlados. Outro detalhe importante é que a amostra foi composta por 81.1% dos sujeitos do sexo feminino, e dessa forma tais preditores provavelmente serão mais aplicáveis às mulheres.
Referências: Lim EC, Poh RL, Low AY, Wong WP. Effects of Pilates-based exercises on pain and disability in ndividuals with persistent nonspecific low back pain: a systematic review with meta-analysis. J Orthop Sports Phys Ther. 2011;41:70-80. Lise R. Stolze, Stephen C. Allison, John D. Childs. Derivation of a Preliminary Clinical Prediction Rule for Identifying a Subgroup of Patients With Low Back Pain Likely to Benefit From Pilates-Based Exercise. J Orthop Sports Phys Ther 2012;42(5):425-436.